quarta-feira, 27 de julho de 2011

Morangos com açucar?

Há 25 anos que não assisto a uma telenovela, a última que segui foi a "Olhai os lírios do campo", baseada na obra homónima de Erico Veríssimo. Talvez por isso, nesta casa, ninguém segue nenhuma.

Recordo ainda, quando este homem que me acompanha, na fase da paixão, me dizia:"és perfeita, nem gostas de telenovelas" (os disparates que se dizem, hihihi).

Há uns anos o meu filho mais velho perguntava-me porque não viamos novelas cá em casa, se todos os amigos assistiam e as suas familias também. Respondi-lhe que não tinha paciência para tal coisa. O tempo é precioso e assistir ao arrastar de estorietas, mantendo-lhes fidelidade, não era para mim.

Ainda assim, a seu pedido, resolvemos tentar acompanhar, juntos, uma novela, desde o início. Chamava-se "Vingança". Acho que assistimos a uns cinco episódios. Desistimos. Não tivemos paciência.

Pelo que sei a Cuquinha é a única, entre as suas amigas, que não assiste a nenhuma novela, sem que lhe seja vedado o acesso às ditas, ou sequer lhe imponha algum limite. Não é preciso, não se sente atraída por tal espectáculo.

Nesta minha estadia doméstica, ocasionalmente, a tv está esquecida no Panda Biggs da minha Princesa e, por duas vezes, lancei o olhar nos famosos "Morangos com açucar".

Uma das duas vezes assisti a uma discussão conjugal e da outra a uma discussão mãe/filha. Duas cenas de enorme agressividade. Será disto que as pessoas gostam? Cadê o açucar?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Deslarguem-me"!!!!

Num dia destes (e já falta pouco), largo o vestido lilás, penduro as asas, tiro a coroa,  a varinha e ZÁS, praia comigo!!!

Olarilolé!!

Atiro com o relógio e o telemóvel. Desprezo os brincos e os anéis. Apanho o cabelo, enfio a chinela no pé, bikini e pareo e mainada!!!

"Deslarguem-me" !!!!

Rosas encarnadas

A fadinha foi subitamente atacada pelo romantismo.

Só más notícias, só más notícias... Sei lá o que pensar, quanto mais o que dizer. Rosas encarnadas, pronto! Tão lindas!!!

Huuummmm... a fada está muito cansada, vai, agora, repousar, entre aromáticas e aveludadas rosas encarnadas.

Por momentos quero ignorar os espinhos...

sábado, 16 de julho de 2011

Risco

Quando me lembro da vida que já passei, ocorrem-me, não as águas mansas, mas episódios aventurosos e arriscados.  São estes que me aceleram a pulsação.

Alguns foram assustadores, produzindo muita adrenalina, mas outros, felizmente, aumentam a segregação das magníficas norepinefrina, serotonina, dopamina e feniletilamina ... Os últimos, iluminam-me o rosto, produzem-me brilho nos olhos e meios sorrisos...

Tão bom já ter vivido tanto.

Como viver é arriscado, corro o risco de ainda experimentar mais peripécias. Das ruins tenho medo, mas, enquanto viver, vão acontecer. Quanto às boas... mal posso esperar...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Interior IV - A amizade

Naquele tempo as amizades eram âncoras.

Perdida num lugar desconhecido, sem a presença de uma alma que fosse que fizesse parte do meu Universo passado, houve que arremessar ferros ao chão para neles me prender, foi o que fiz.

Na sua maioria, os meus novos amigos experimentavam situações similares à minha: afastados das famílias para continuar a estudar. Esse afastamento, que determinava uma grande solidão na vivência do nosso dia a dia, amarráva-nos fortemente uns aos outros.

Sobretudo com as amigas de então, partilhava toda uma vida, curta, mas intensa.

A densidade das emoções era grande e habituámo-nos a partilhá-las com uma verdade translúcida.

Dividia com elas a minha jovialidade quase infantil, que se traduzia de muitas formas. Caminhava aos saltaricos e abusava do riso, às vezes, estridente. Juntas cantávamos as canções da moda, segredávamos, especulávamos, estudávamos, divertiamo-nos e riamos muito.

Raramente chorávamos umas com as outras. Não raro ficávamos, na partilha das dores, à beira das lágrimas, mas controlávamos o choro - ainda não tinhamos aprendido a expôr-nos nesse campo e receávamos constranger as outras (ainda hoje me é mais fácil partilhar o riso do que as lágrimas, que procuro guardar para a solidão).

Com os amigos era diferente. Em rigor, só me lembro de ter um amigo nessa altura, um rapaz com quem conversava e que conversava comigo sem que houvesse, pelo menos pelo que me apercebia, nem sequer de forma latente, qualquer componente de atracção sexual. Chamava-se Rui e era o único "a quem via como uma rapariga" (embora tivesse uma aparência muito masculina).

Os demais eram colegas ou pseudo-amigos. Neste último caso havia a tal atracção latente, unilateral ou bi-lateral, que, no último caso, dava às vezes em namorico.

Era a época das paixões assolapadas e dos amores passageiros. As desavenças na benquerença davam depressão certinha, com sensação de apocalipse. Nos desamores vivia-se o negrume do fundo do poço, até subir à tona, pela mão das amigas, e despertar para um novo idílio.

Vida intensa, aquela.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Impotência feliz

Não há nenhum lugar no mundo em que me sinta mais impotente do que dentro de uma livraria. Os livros encaixados em móveis do chão ao tecto; espalhados em mesas e poltronas para nos sentarmos a folheá-los.

 Mas não, não me posso sentar, tenho de me deslocar, os meus olhos tudo querem pesquisar, as mãos gostam de mexer e tenho de absorver o aroma que se solta do papel novo dos livros da livraria.

Desejo lê-los, lê-los todos; devorá-los; absorvê-los... huuummm que prazer. Mas não consigo e tenho de desistir. Fico-me pela satisfação insatifeita de lhes ter tocado, palpado, cheirado... de conhecer-lhe algumas passagens das páginas que, sem vício, voluntariamente se me entregaram ou que eu mesma procurei.

 Mas nunca o TODO do seu conteúdo. Que pena.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Post scriptum

Quando se perde um amor, morre uma parte de nós.

Morte

Fui surpreendida, há pouco, pela notícia da morte de uma figura pública. Uma mulher que não conheci, mas que sinto que conheci um pouco. Visionei-a na Tv, conheci-lhe a voz, as opiniões. Convivi com ela, sem que ela tenha convivido comigo, o suficiente para ficar triste, muito triste (as lágrimas inundaram-me os olhos).

Talvez porque a sua morte me tenha evocado as "minhas" mortes. As perdas que (ia dizer: tive que superar - como se a morte dos que amamos se superasse alguma vez) tive de enfrentar neste caminho. Não, não foram perdas. Foram roubos violentíssimos que a vida me impôs. Acho que me testa a vida, pretende conhecer os limites da minha capacidade de absorver os impactos da dor. Vai-me oferecendo roseirais rubros, pejados de espinhos ocultos.

Tenho medo da morte, eu? Sim, tenho, da dos outros. Da minha, menos.

Não me apoquenta o nada que serei, mas preocupa-me o que não tenha sido, o que não tenha dito, o que não tenha feito.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Desinspiração

Qual é a verdade? A que se revela pela racionalidade, ou a que transparece enevoada pela emoção? Enevoada? Talvez clarificada...
O que vale mais? O que se sente ou o que se pensa? Pensa-se sem sentir e sente-se sem pensar? Ou todo o pensamento é eivado de emoção, e os sentimentos presos pelos pensamentos?

Não se escolhe pensar sentindo ou, ao invés, sentir com laivos de pensamento. Vive-se. Só.