O valioso tempo dos maduros

Nada melhor para definir o meu modo atual de estar na vida do que o poema de Mário Andrade, que convosco partilho. A seguir, uma música sublime...

 Enjoy it.

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS – de mário de andrade 

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas..
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Vão-se lixar

Nos últimos três dias as ocorrências neste pequeno país, tem revelado muito da qualidade dos seus líderes políticos.
O Prof. Gaspar depois de implementar as políticas que os alemães impuseram sem qualquer sucesso, antes conduzindo a economia à catástrofe e ao consequente aumento do sofrimento de muitos portugueses, mormente ao exército de desempregados que engrossou, partiu e juntar-se-á, seguramente, aos seus na germânia.
Passos, sem prescindir da sua arrogância, resolveu mostrar quem manda, escolheu novo ministro para a pasta das Finanças, optando pela prossecução das opções políticas gasparinas, sem curar de procurar compromissos políticos, mormente com o nº 2 do Governo e líder do partido que lhe tem garantido o Governo.
Portas, que tem nas mãos a reforma do Estado, pede a demissão e Passos não apresenta o pedido ao Presidente da República, por não o aceitar.
Cavaco vai-se encantando com a vaca que ri e, em segredo, como gosta, lá deverá andar no seu trabalho de pressão, em nome da estabilidade política.
Nós assistimos, perplexos, à novela que prossegue, agora com tentativa de conciliação dos desavindos, depois de os famigerados mercados nos terem fustigado todo o dia de hoje, fazendo subir vertiginosamente as taxas de juro da nossa dívida soberana e de a bolsa portuguesa ter sofrido um afundanço monumental.
Esta gente não revela qualquer sentido de responsabilidade, não tem dignidade para ter nas mãos a condução dos nossos destinos, porém...
Vão-se lixar!