sábado, 29 de outubro de 2011

Equador

Quase de partida.
Torno a a encharcar-me de ti. Escorrer-me-ão gotas de suor pelo corpo húmido e mergulharei nas águas cálidas.
Experimentarei o breu intenso e o sol escaldante.
Já te sinto o aroma, África.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bruxa maléfica

Conhecem o meu aspecto de fada, certo? Sou igualzinha ao desenho que aqui aparece. Assim branquinha, cabelos loiros, cheiinha, mais sorridente do que apareço no desenho. Costumava ser tolerante, complacente, indulgente e bondosa. Tudo isso para a generalidade das pessoas. A sério.
Acreditava que fomentar em nós os ditos sentimentos positivos era bom, para nós e para os que nos rodeiam. Até acreditava que a bondade se propagaria em ondas e que, dessa forma, os bons sentimentos que fomentasse em mim, seriam contagiados aos que comigo se relacionassem que, por sua vez, os contagiaram também.
Tretas, isto são tretas.
Agora sinto-me perseguida. Sou alvo de uma autêntica caça à bruxa. Não será uma caça direccionada só para mim somos muitos os perseguidos, mas resolvi assumir pessoalmente as dores e, em conformidade, vou passar a agir como bruxa, a perseguida. Para sobreviver aos perseguidores, vou passar a perseguir.Vou ser uma verdadeira bruxa maléfica para os meus inimigos.
Persistirei querida e maravilhosa para os bons, mas serei impiedosa, implacável e,até vingativa para os maus.
Quem são os maus? Os meus inimigos. Quem são os meus inimigos? Aqueles que eu eleger como tal, de acordo com os meus próprios critérios.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Esvaziando

Que saudades, que saudades de ser "só" uma fadinha doce e bondosa.
Que saudades de ter o coração sempre transbordante de emoções cintilantes.
A varinha está a amachucar a tristeza, o medo, a angústia, a insegurança, que tomou conta da alma da fada, para os tornar pequeninos, dando espaço para crescer a alegria, a paixão e a confiança.
Sabem qual é o segredo? Estou a esvaziar o coração de política e economia e a enchê-lo com o mel dos meus amores.

domingo, 23 de outubro de 2011

Hoje sou bébé...

Buáááá...buaáááá...buaáááá. Há um ano chorava assim, no momento em que nasci.
Apareci para ser o esconderijo de alguém (hão-de ver o primeiro post) e já vieram ver-me mais de 5250 vezes.
Nunca sonhei com tamanha popularidade, hihihihi... Como podia imaginar que mais alguém, além da Saiuri, poderia interessar-se por saber o que se passa aqui, neste canto?
 É que a Saiuri nem sempre é flor que se cheire...às vezes tem cá um feitiozinho... vem p´raqui com os azeites e, pessoal, aviso-vos, nesses dias é melhor fugir dela. Outras vezes, aparece toda dengosa, é só meles e doçuras... Nuns dias está inspirada, noutros exaurida, às vezes cansada, mas mostra a alma sempre genuína.
Hoje está querida, fez-me este bolo e cantou-me uma canção....Ai...ai...




quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O fim do mundo...

A seita norte americana que prevê o fim do mundo para amanhã talvez tenha uma ideia concreta de como será o seu fim. Pela água? Pelo fogo? Será desta que um dos tais meteoros atinge a Terra? Não faço ideia, nem tenciono investigar.
O que sei, segurinho, segurinho, é que se a Fraulein Merkel e o seu ajudante Monsieur Sarkozy não põem mão no futuro da Europa, sim eles, já que não querem a ajuda de mais ninguém, o nosso mundo acaba, olá se acaba. Não tarda estamos a trabalhar e a auferir tanto como os chineses, para ser competitivos e ...agradar aos mercados.
Perceberemos então, na perfeição, como o "dumping social" que tem feito desenvolver a China e outros, nos assenta que nem uma luva. Foi bom, não foi? Foi comprar baratinho, à custa da escravatura asiática e da ausência de taxas de direitos aduaneiros para os produtos vindos daquela zona do globo. A Europa foi tentando controlar o dumping, o económico, mas ao social o mundo não lhe pôs travão, ah e tal...e foi assobiando para o lado.
As nossas indústrias estão lá, ou nas redondezas, onde a receita aplicada foi a mesma.
Agora, o Portugalito que tudo perdeu (industria têxtil, sobretudo) chucha no dedo...
Agora, os tais gigantes asiáticos, poderosos como estão, já têm políticas comerciais preparadinhas para fechar as portas aos produtos europeus.
O mundo acaba amanhã? O nosso já acabou.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os bombardeamentos intensificaram-se, vamos para os abrigos.


O conhecimento do OE para 2012 pôs-nos, a muitos, em estado de choque. 


Claro que estávamos preparados para muito, as medidas que já tinham sido adoptadas, como a redução de salários dos funcionários públicos, o aumento da taxa do IVA no gás e na electricidade, que, já estando em vigor, ainda não sentimos nos bolsos, a criação de um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal de 2011, e outras, conjugadas com as declarações do Senhor Ministro das Finanças de que o pior estava para vir e de que o OE para 2012 seria dos mais difíceis da história do país, fazia-nos antever que nada de bom aí viria. Sucede que, entre profecias e a realidade vai sempre uma longa distância. É assim como a certeza da morte e a sua apresentação iminente. E, no que ao Orçamento diz respeito, está aí, já não restam dúvidas. Este Orçamento vai gerar, necessariamente, uma catástrofe.


Não será uma catástrofe para todos, nestas coisas da economia há sempre uns quantos que se safam, alguns melhor do que nunca. Mas, a maioria, verá a sua vida arrasada, pelo menos por décadas, prevejo que muitos de nós para sempre.A "suspensão" do pagamento dos subsídios de férias e Natal para trabalhadores do Estado e pensionistas que aufiram mais de € 1000 mensais (sendo que tal valor é ilíquido), que o Senhor Ministro anunciou como sendo uma "medida de carácter temporário mas duradouro" (percebo que o senhor Ministro não queira anunciar o que provavelmente se lhe afigura, que tal medida deverá tornar-se definitiva, nem que seja pela necessária aprovação de norma anual, em todos os OE para o futuro), vai determinar que muitas pessoas não possam continuar a honrar muitas das responsabilidades que haviam assumido.De facto, a maior fatia das pessoas não canalizava os ditos subsídios para luxos ou férias, mas para colmatar despesas que não conseguiam suprir com o rendimento que recebiam mensalmente. Pagamentos de impostos, como o Imposto Municipal sobre Imóveis , cuja taxa também subirá 0,1%, a partir de Janeiro (o que parecendo pouco leva a que, sem considerar a actualização do valor dos imóveis, alguém que pagasse € 800/ano passe a pagar €1000/ano ), seguro da casa em que as pessoas habitam, seguro de carro, livros e material escolar de crianças, eram, em muitos casos, supridos com os valores dos ditos subsídios.O IVA vai aumentar para muitos produtos, aumentarão transportes e electricidade, a corda esticará até rebentar.


Os cuidados de saúde piorarão, seguramente, acabar com algum desperdício não será suficiente para eliminar a necessidade dos milhões que este OE poupa no sector. O mesmo acontecerá com a educação.


Ah, e desenganem-se aqueles que trabalham no sector privado, alguns dos quais, já assisti, festejam alegremente o sacrifício imposto aos funcionários públicos, os geradores de todas as desgraças nacionais. É que, malogradamente, e oxalá me engane, nada perderão pela demora. Ou sob a mesma forma, ou de outra qualquer, sofrerão, inexoravelmente, o impacto da bomba nas suas vidas -a redução do consumo interno vai ser brutal, vão fechar muitas portas... Será melhor, pois, não deitarem os foguetes antes da festa.


O nosso Governo afirma que não tinha alternativa, vou dar de barato que nesta fase não tinha. 
Os buracos são mais do que muitos. 


Revolta, porém, não se vislumbrar alterações na tributação do sistema financeiro.O contexto internacional é péssimo e, internamente, houve muito desgoverno, não duvido. Houve muito quem se tivesse aproveitado, gozando agora nos seus palácios dourados, alguns continuarão a lucrar, e muito, com a coisa pública. Quanto à maioria de nós seremos peões mal pagos, pobres e doentes.


Em muitos campos ficaremos pior do que estávamos no início da década de 70 do século passado, pois o desespero poderá ser maior, já que as pessoas vivem o drama de se terem responsabilizado por encargos que legitimamente esperavam poder cumprir e que, agora, não podem.


A globalização está a empurrar-nos para o abismo. Estamos obrigados a comprar submarinos e óleo alimentar manhoso à Alemanha, que outra vez se impõe aos demais países da Europa, arrogantemente.


O dumping social praticado nos agora ditos países com economias emergentes está a destruir definitivamente o Estado Social, pelo menos conforme o conhecíamos. Pois é, entregámos a indústria têxtil à China (Uruguay Round), a pesca a Espanha, a agricultura à Europa em geral. O que nos resta? Uma mão cheia de nada.


Não sei se este desabafo encaixa na esquerda, na direita, ou em lado nenhum, mas também não me importa.

sábado, 15 de outubro de 2011

Artistando

Os desenhos da minha menina estão cada vez mais bonitos. É observadora, imaginativa, criativa, sensível, persistente. Não sei de onde lhe vêm tais genes, mas abençoado seja quem lhos transmitiu.
Hoje fez este desenho:



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Forrar o buraco

Nunca me senti tão honrada. É verdade, nunca me senti tão honrada. Dá-me gozo saber que 25% do salário a que tenho direito pelo trabalho que desempenho, vão ser directamente canalizados para forrar o buraco do Alberto João. Que maravilha.
Ah e o gozo que me dá, aspirar a que parte daqueles valores poderão servir, não para encher, não sonho tão alto, mas, ao menos,  para almofadar o buraco dos amigos do BPN.
Sim, a minha massa não se destinará a desígnios ignóbeis, como pagar reformas dos miseráveis. Não, isso não é coisa para mim, pfff, pobres, que raça! Não sou pindérica nenhuma, o que é isto?
O meu dinheiro só se dá bem com os ricos: bons buracos, paraísos fiscais, carrões, quintas, obras de arte e eventos, muitos eventos.
Comigo é tudo à grande!

Fomos ricos

"- Fomos ricos.
    Tínhamos casa boa.
    Tivemos carro e andar de carro era bom.
    Deslocávamo-nos ao supermercado, para comprar coisas de uso doméstico e levávamos um carrinho   que empurrávamos, no qual colocávamos os produtos que entendíamos necessitar. Tomávamos banho diário e também usávamos roupas lavadas, todos os dias.
   Às vezes íamos ao cinema, ao cabeleireiro, à massagem... Gostávamos de comprar música e livros..."
"- Foi há muito tempo, avó?"
"- Há uma dúzia de anos, minha querida".

terça-feira, 11 de outubro de 2011

100% ou 75%?

Tenho a sensação de que os governantes quando querem adoptar medidas políticas daquelas que doem a valer à maioria dos cidadãos, lançam a bisca para preparar o povinho e permitir que a descompressão comece antes de a medida ser efectivamente tomada.
Já se vai sussurrando que, em 2012, não serão pagos subsídios de férias nem de Natal. Assim, se cortarem "apenas" 75%, o povo regozijará com a generosidade dos nossos líderes políticos.
Fala-se já, à boca cheia, que os produtos a que se aplicam as taxas mínima e intermédia do IVA, passarão a ser tributados à taxa "NORMAL". Quando nos derem a benesse de manter os 6% de IVA para o pão, faremos uma festa.
E assim (ia dizer aos poucos, mas é mesmo de forma abrupta) passaremos a ser um povo paupérrimo.
Comparo-me sempre com quem tem menos e costumo afirmar que, apesar de tudo, pertencemos à pequena percentagem de privilegiados entre os cidadãos do mundo, mas começo a indagar-me até quando... 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Maturidade

A consciência da minha finitude aguça-me o apetite pelo bom e o belo da vida.
Cada vez aprecio mais o doce néctar que posso colher, mesmo que ínfimo face ao fel que tenha de tragar.
O valor de um instante de paz ou de prazer, de um sorriso ou gargalhada, torna-se, com a maturidade, inestimável.

sábado, 1 de outubro de 2011

Midnight in Paris ou a paciência de Jó

Hoje saí de casa aperaltada e dirigi-me a uma sala de cinema à séria, para assistir a um filme fora da saleta doméstica, onde costumo ver cinema de camisa de noite ou pijama.
A película escolhida foi a última de Woody Allen, "Midnight in Paris".
Filme típico do realizador, o argumento gira à volta de um escritor americano, de passagem por Paris, com desejo de se fixar nesta cidade. O protagonista vive o presente com a nostalgia de não ter podido viver na década de 20 do século passado, escrevendo um livro cheio de conteúdo nostálgico. Como por magia, a partir da meia noite enceta viagens ao passado, aí contactando com outros personagens, alguns dos quais ilustres figuras reais que efectivamente viveram na cidade Luz: Matisse, Picasso, Gauguin, Hemingway ou Cole Porter, entre outros, acabando por se aperceber que, tal como ele próprio, também os antepassados contemporâneos daquela que considerava ser a época áurea, viviam a melancolia de tempos anteriores.
Gostei do filme.
Do que não gostei mesmo nada, foi de ter de esperar 25 minutos entre a hora para que estava marcado o início da sessão e o seu efectivo arranque. É que durante 15 longos minutos os espectadores foram sujeitos à visualização de publicidade, seguidos de 10 minutos de apresentação de "trailers" de outros filmes.
É certo que a sala estava quase vazia o que leva a crer que o valor dos 6 bilhetes que foram adquiridos para aquela sessão não cobriram sequer os seus custos. Mas 15 minutos de publicidade? Não percebem que deste modo esgotam mesmo a paciência do público e que o mais certo é que desista de sair do seu sempre disponível cinema caseiro?
Não sei qual é a solução para sustentar este género de espectáculo, mas sei que ao bombardear as pessoas com tanta publicidade se arriscam a perder o público de vez. Ninguém há-de estar muito interessado em gastar 15 minutos do seu precioso tempo a suportar publicidade que na sua casa dispensa.
Vá, cheguem atrasados, mas vão ver o filme, o tema é interessante, tem bonitas música e fotografia ( a linda Paris, huuummm que saudades...), adorei o guarda roupa e tem finas notas de humor.
Ah e Woody Allen sempre é Woody Allen...