sábado, 31 de dezembro de 2011

Esperança




2011 está esgotado e deixou-me esgotada. Foi um ano difícil, com muitos acontecimentos funestos.
A poucas horas de 2012, quero esquecer as anunciadas dificuldades para o ano que se avizinha. Vou encher-me de esperança, de fé, mesmo que balofa, de que será um bom ano. Quero fechar um ciclo. Passar à frente.
Antevejo uma nova Primavera.





Bom ano de 2012 para todos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Requiem para a minha mãe

25 de Dezembro de 2011

Hoje é Natal, nasceu o Menino e há mais uma estrela no Céu. A minha adorada mãe partiu e foi juntar-se ao meu pai, noutra dimensão.
D'ora em diante, se me sentir perdida, olharei para o Céu e nele encontrarei duas estrelas juntinhas, muito cintilantes, que me guiarão.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Agora sim, o Natal aproxima-se. Gostaria que todos os meus amigos pudessem passá-lo com o calor dos afectos. Preferencialmente com o calor dos afectos das pessoas especiais nas suas vidas. Com sorrisos ternurentos e compreensivos, suavemente ou com algazarra, mas sempre com o amor dos que nos amam. Gostaria que todos os meus amigos propagassem também esses contagiosos afectos em ondas. Oferecendo-os aos que deles os esperam, dividindo-o ainda com aqueles que não sonhavam recebê-los, sobretudo os que por qualquer razão se encontram mais fragilizados.
O Natal que desejo aos meus amigos é o mesmo que desejo para mim.
Feliz Natal.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pedi cure

Hoje madruguei. A ansiedade produzida pela multiplicidade de tarefas que me esperam serviu de despertador.
Enquanto o forno termina o almoço que preparei para as crianças, em férias escolares, aproveitei para tirar os haveres que restavam na mala que trouxe de Cabo Verde. Entre eles, um livro de contos de Gabriel García Márquez, que viajou comigo, à cautela, não fora terminar a leitura do romance que estou a ler (ainda "A queda dos gigantes" de Ken Follett).
O livro de contos de García Marquéz já traz estória, que vos vou contar:
Numa das minhas passagens pelo hall do hotel, no Mindelo, com um livro na mão, um dos recepcionistas perguntou-me se eu gostava de ler. Face à minha afirmativa disse-me não gostar de ler, tendo eu aproveitado para lhe fazer o elogio da leitura, fazendo menção à sua utilidade e, sobretudo, ao grato prazer que pode proporcionar. Perante o meu entusiasmo, o rapaz disse-me que talvez nunca tivesse encontrado o livro certo, pelo que me dispus a ir ao quarto buscar um que seria decerto interessante e que, sendo composto por pequenos contos, era possível que ele gostasse de ler algum, durante a noite de vela que se preparava para fazer de atalaia aos hóspedes do hotel.
Trouxe-lhe o livro de Gárcia Marquéz e aconselhei-o a começar pelo conto que o intitula: "A incrível e triste história de Cândida Enrédia e da sua avó desalmada". Ele pegou-lhe e colocou um marcador no início da estória, tendo-se comprometido a mudá-lo para a página em que ficasse.
Na manhã do dia seguinte, o livro foi-me entregue pela colega que o substituiu, com o marcador no mesmo sítio em que ele o colocara à frente dos meus olhos. Não lera nada..
Tornei a pegar no livro agora e constatei que o marcador, um cartão de visita côr de salmão esbatida, tem o seguinte escrito:
           
             "Aracy Gomes
           
              Manicure, pedi   cure

              Telemóvel 924 91 13          S. Vicente"

Vou procurar a Aracy. Talvez queira ler o livro...

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Natal

A que sabe o Natal?
Em criança sabia-me a férias escolares, a presépio e a presentes simples: uma boneca, um livro da "Anita", alguns chocolates, uma saia, uma camisola... Eram os presentes que os meus pais e os meus irmãos mais velhos conseguiam reunir para me rechear o sapatinho que colocava na véspera em cima do tampo do fogão (o menino Jesus havia de trazer as prendas pela chaminé).
No início de Dezembro começavamos, eu e o meu irmão mais novo, a planear o presépio que havíamos de fazer. A maior dificuldade era arranjar o musgo, que na cidade não abundava, mas que o meu irmão conseguia, afastando-se de casa em perigosa aventura para lugares que nos pareciam longínquos (1 km, talvez). As figuras de barro, embrulhadas em papel de jornal de uns anos para os outros, eram, além da sagrada família, uma vaca e um burro, um anjo, um conjunto de ovelhas e dois pastores (havia um cão de plástico que os acompanhava), uma lavadeira, dois patos (que colocávamos sobre um lago feito de papel de prata), uma ponte e uma igreja. Colocávamos tudo sobre um móvel cristaleira que, tendo um espelho, nos duplicava o tamanho do presépio encantado.Até ao grande dia, eu, e o meu irmão, passavamos horas de volta dele, a observá-lo e, de quando em vez, a colocar as figuras noutra disposição, mediante acordo, depois de aturadas discussões científicas sobre a bondade da adopção do novo arranjo. A nossa mãe advertia-nos que, com tantas mexidelas, a qualquer hora haviamos de quebrar as figuras.
Mais tarde, acrescendou-se ao presépio o pinheiro, não muito grande e sempre um pouco torto, os nossos pais, além de humildes eram poupados, pelo que não se abalançavam a investir muito dinheiro num pinheiro grande e direitinho, para jogar fora alguns dias depois.
À felicidade de experimentar as coisas que aqui descrevo somava-se a harmonia da família. Fomos sempre família feliz, sem desavenças.
A tristeza do Natal chegava-me pelas notícias da rádio que tinha na mesa de cabeceira do meu quarto. Lembro-me de, deitada na cama, depois da Ceia Natalícia, ouvir falar sobre os que nada tinham no Natal. Não tinham comida, roupas, ou família. Perante o conhecimento dessas situações tristes chorava muito e, no dia seguinte de manhã,às vezes ainda com os olhos inchados, enquanto me vestia, agradecia a Deus cada peça de roupa que colocava sobre o meu corpo.
Não sei a quem agradeço agora, mas continuo a agradecer, do mesmo modo que continuo a chorar por saber que há quem nada tenha.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tá pensá á kretcheu

A minha maneira de amar-te é simples:
aperto-te a mim
como se tivesse um pouco de justiça no coração
e ta pudesse dar com o corpo

... Quando te revolvo os cabelos
algo de lindo nasce das minhas mãos

E não sei quase mais nada. Aspiro apenas
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que às vezes me pesa também no coração

Antonio Gamoneda
 
 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ná boka di nôte

Praça Nova, Mindelo, Ilha de S. Vicente

Estreei-me nesta ilha na passada sexta-feira. Ná boka di nôte fui jantar ao "Archote", o restaurante com música ao vivo que uma grande amiga me recomendara. Comi bem e apreciei a música. Entre os comensais encontrava-se o Prof. Adriano Moreira, que, à saída, presenteou os músicos com um aplauso junto deles e eles gostaram, que eu percebi.
Abanava-me ao ritmo daqueles sons calorosos, quando senti baterem-me nas costas e, olhando, vi que se tratava de uma senhora com aspecto de hippie dos anos 60, usava trancinhas parecidas com as da Pipi das meias altas, acompanhada por um senhor com ar semelhante e com uns óculos parecidos com os que Lenon habitualmente usava.
O casal estava sentado na mesa atrás da minha e queriam entabular conversa. Perguntaram-me, em inglês, se percebia o sentido das letras das canções que o grupo cantava. Eram suecos, de Estocolmo, e não faziam ideia do que diziam, mas adoravam a música. Respondi-lhes que não percebia todo o crioulo, que apesar de ser uma derivação do português nem sempre é compreensível para os portugueses, mas que as músicas falavam sobretudo de um sentimento a que chamamos saudade, ou sôdad, que consiste numa espécie de tristeza feliz, que resulta de boas lembranças e do desejo de viver coisas similares às que já foram, ou então de amor, de muito amor.
Ainda lhes traduzi para o inglês, a letra de uma morna ali cantada, que rezava assim:

"Ná ponta di mês lábios ten fogo di amor, ten mel di ábelha, ten paixão, ten calor, ten tentação di maçã, ten doçura, ten mistér.
Ná ponta di bôs lábios ten fogo di amor, ten mel di ábelha, ten paixão, ten calor, ten tentação di maçã, ten doçura, ten mistér.
Mê corpo istreméci nas nhas braços di krétcheu". Agora traduzam...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Amor

O mel-caramelo dos olhos é só parte da muita doçura. O silêncio do sorriso quente e terno completam o quadro.
Nunca nada alcança tão longe na alma como o silêncio reconfortante do amor.