Este é o meu primeiro Natal sem pais. Partiram, numa viagem sem regresso, e sinto-lhes, tremendamente, a falta.
Quando pararam de respirar não esperneei. Chorei baixinho. Esperava-o, a qualquer momento, e aceitei, como aceito tudo o que a vida me entrega: o bom e o mau.
Pus mãos à obra e fiz tudo o que entendi que tinha a fazer para pôr em marcha a resolução prática das sua mortes, como já o havia feito no final das suas vidas, quando se tornaram dependentes.
Hoje sinto o quanto mudou a minha vida com a sua perda. Mudou tudo. O forte suporte familiar que constituíam, mesmo com a aparente fragilidade, ruiu.
Agora, já pouco é coeso, esboroaram-se ligações. Fica uma ténue espuma das ligações que forjaram.
Mãe e Pai, que pena tenho de, racionalmente, não vos poder dizer: Voltem, eu morro de saudades vossas.